Novo velho desafio de Kimi Raikkonen

E não é que o campeão voltou? Kimi Raikkonen será piloto da Lotus na temporada 2012. Trata-se de uma excelente notícia à Fórmula-1, que, pela primeira vez em 63 campeonatos, terá seis campeões da categoria no mesmo grid. Em cinco equipes diferentes.

Nada menos que 14 dos 18 títulos disputados desde 1994. Fora da festa ficarão somente o inglês Damon Hill e o canadense Jacques Villeneuve, respectivos vencedores das temporadas 1996 e 1997. Sem se esquecer do compatriota de Kimi, o finlandês Mika Häkkinen, campeão em 1998 e 1999.

Mas, claro, a questão não para nesse recorde. Ainda no começo do mês passado, quando Raikkonen foi cogitado para assumir um posto na Williams, sobraram dúvidas quanto às reais condições do finlandês em um possível regresso à Fórmula-1.

Por sinal, não foram poucas as vezes que li ou escutei de fãs – e até mesmo de colegas de imprensa – sobre “qual” Kimi voltaria à categoria da FIA. Seria aquele sujeito de desempenhos arrasadores nos tempos de McLaren e Ferrari? Ou o piloto aparentemente desmotivado das temporadas 2008 e 2009?

Penso que nem um, nem outro.

Em primeiro lugar, Kimi apenas desanimou-se em seus últimos dois anos de Fórmula-1 por não se adaptar bem aos carros cedidos pela Ferrari e, de quebra, tomar uma lavada do então companheiro no time italiano, Felipe Massa.

Atualmente, tudo parte do zero. Ainda não há motivos para fechar a cara, andar pelo paddock de cabeça baixa e socar uma caixa de ferramentas alheia no box; tampouco para dar piscadelas às câmeras de televisão e fazer juras de amor à equipe. E, convenhamos, não faria o menor sentido regressar à F-1 se não estivesse minimamente motivado. Sobretudo porque nos últimos dois anos, Raikkonen disputou o Mundial de Rali. Como piloto finlandês que se preze, ele adora ralis. Nunca escondeu isso. Em 2011, até correu com equipe própria.

Por outro lado, como sabido, Ice Man não é mais aquele piloto embalado por várias temporadas seguidas na Fórmula-1. Nesses dois anos, por sinal, sequer testou um carro do certame. E o regulamento técnico da categoria mudou consideravelmente nesse período.

Claro que ele não está privado de se mostrar bem, ter apresentações satisfatórias inclusive já nas primeiras provas do campeonato vindouro. Até porque não se deve subestimar um piloto talentoso e que, com apenas 20 e poucas corridas de monopostos, estreou com destaque na F-1, em 2001. Contudo, será necessário um tempo para que volte a extrair o melhor de sua pilotagem.

Aliás, creio que 2012 terá muito mais a ver ao escandinavo com seu primeiro ano de Fórmula-1 que com qualquer outro campeonato. E não apenas por representar, digamos, um novo debut. Falo pelo nível dos carros. Em 2001, Kimi tinha em mãos um mediano Sauber; na próxima temporada, pilotará um bólido da ex-Renault, apenas quinta colocada no Mundial de Construtores recém-encerrado.

Tudo bem… Está certo que é cedo para determinar a hierarquia dos times ao campeonato 2012. A pré-temporada, por exemplo, começa apenas em sete de fevereiro. No entanto, não é exagero afirmar que a Red Bull será a equipe a ser batida no próximo ano.

Mais que faturar atual bicampeã de Pilotos e de Construtores, a escuderia se firmou entre as grandes do certame. Tem Adrian Newey, o maior projetista da atualidade. Disparado. Além da RBR, McLaren sempre vem forte, assim como não podemos descartar Ferrari e Mercedes.

Logo, a tendência é que a Lotus seja a principal candidata ao posto de “quinta grande”. Para pontuar com frequência. E, com o abandono de alguns adversários, beliscar uns pódiozinhos.

Curiosamente, o regresso de Raikkonen afetou diretamente as pretensões dos pilotos brasileiros. Para Rubens Barrichello, representou uma notícia positiva. Afinal, trata-se de um concorrente a menos na briga pela vaga na Williams.

Agora, porém, o nome que ganha forças nos bastidores para correr no time de tio Frank é o de Adrian Sutil. Já Bruno Senna terá de batalhar pela vaga de segundo piloto como Vitaly Petrov e Romain Grosjean. Posto que poderá passar às mãos de Robert Kubica, caso se recupere ao longo da temporada e se mantenha na Lotus. Mas esse é assunto para as próximas colunas.

Por Rafael Ligeiro
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