A categoria GT3 poderia estar condenada a terminar se for adotada pela 24 Horas de Le Mans e pelo Campeonato Mundial de Endurance, alertou o arquiteto da classe, Stephane Ratel.
Ratel acredita que haveria grandes ramificações para uma categoria que ele concebeu em 2006 se fosse assumida pelo organizador de Le Mans e promotor do WEC, o Automobile Club de l’Ouest e a FIA, após o fim de seu compromisso atual com o GTE, que ainda abrangerá as temporadas de 2021 e 2022.
Ele disse que a adoção do GT3 para a nova divisão GT Daytona Pro do IMSA WeatherTech SportsCar no lugar do GT Le Mans baseado em GTE em 2022 e pelo DTM para esta temporada são “sinais preocupantes”, porque tradicionalmente têm sido classes totalmente profissionais, baseadas na participação das fábricas.
“Quando as séries lideradas pelos fabricantes adotarem o GT3, você provavelmente terá uma grande festa por talvez dois ou três anos, mas em algum momento os custos sairão do controle”, disse o francês. “Você terá uma evolução rápida dos carros e eles ficarão cada vez mais caros.”
“GT3 é um esporte para clientes: contanto que você misture pilotos profissionais e amadores, estará tudo bem. Mas se você torná-la uma categoria puramente profissional, torna-se perigoso; no momento em que se torna uma corrida de fábrica, está condenada.”
Ratel, cuja organização homônima SRO dirige as séries GT World Challenge e Intercontinental GT Challenge, explicou que o sucesso da GT3 resultou da habilidade dos fabricantes envolvidos em vender um grande número de carros em uma categoria que se espalhou por todo o mundo.
“O equilíbrio do GT3 é fornecido pelo fator de vendas ser mais importante do que o valor de marketing de ganhar corridas”, disse ele. “Pode haver problemas se mais séries levarem a um perfil mais alto; o DTM e outros podem representar um risco.”
Ratel revelou que ainda não está convencido de que a ACO e a FIA vão adotar GT3 para Le Mans e WEC, bem como para a co-irmã Le Mans Series européia.
“A ACO geralmente gosta de ter sua própria categoria em vez de escolher uma categoria de outros, e acho que eles consideram GT3 é SRO”, disse ele. “Só porque a IMSA escolheu GT3 para GTD Pro não significa que a ACO vai aceitar.”
Ele também expressou dúvidas de que Le Mans e o WEC precisam de carros GT3 em um momento em que o interesse entre os fabricantes está crescendo nas classes Hypercar e LMDh baseado em LMP2.
“Com o sucesso do LMH e do LMDh, eles realmente precisarão dos carros GT3?” ele perguntou. “Não tenho certeza, porque a grid na classe superior vai ser absolutamente incrível.”
Ratel explicou que parte de seu raciocínio para a introdução da nova classe GT2, que tem sua própria série sob o guarda-chuva da SRO pela primeira vez nesta temporada, foi fornecer uma rede de segurança.
Ele disse que o GT2 poderia ser adotado por séries como o GT WCE no futuro “se as coisas saírem do controle” com o GT3.
O ACO e a FIA até agora ainda não ofereceram quaisquer dicas para o futuro das divisões GT no WEC. Eles disseram que vão formular um plano durante o verão (europeu) e então fazer um anúncio durante a semana de Le Mans, no final de agosto.
