Bia quer aproveitar a torcida para se motivar ainda mais

A paulistana Bia Figueiredo foi confirmada na terça-feira como piloto da Dreyer & Reynbold Racing para a São Paulo Indy 300, etapa de abertura da temporada 2010 da IndyCar, que será realizada nas ruas da capital paulista, no próximo dia 14, em um circuito que está sendo montado na região do Sambódromo do Anhembi.

A piloto será a primeira brasileira a competir em uma categoria top do automobilismo mundial. Bia também foi a primeira mulher a vencer corrida em um campeonato de Fórmula Renault, em 2005, e na Indy Lights, em 2008.

Confira abaixo a entrevista com a mais nova piloto da Dreyer & Reynbold Racing.

1. Bia, estrear em uma categoria importante como a IndyCar é sempre uma emoção, em casa este sentimento deve ser ainda mais potencializado. Como você pretende usar tudo isso a seu favor e evitar o nervosismo?
Bia Figueiredo: A emoção é muito grande, ainda mais porque vou estrear em uma corrida no meu país e na minha cidade natal. É o sonho de qualquer piloto chegar a uma categoria top como a Indy e estou conseguindo isso. O foco nesse momento está sendo a preparação para a corrida, e nada de nervosismo. Quero aproveitar a grande torcida para me motivar ainda mais.

2. Qual foi sua primeira reação ao ficar sabendo que estava tudo certo para você correr na São Paulo Indy 300?
Bia Figueiredo: Quando o André Ribeiro – meu agente, junto com o Augusto Cesário – voltou de Indianápolis com duas equipes muito perto de fechar eu já fiquei muito feliz. Já havíamos conseguido uma boa parte do patrocínio necessário e isso já havia me deixado mais tranquila. Não tive nenhum momento de explosão, mas sim uma grande felicidade a cada dia que conseguimos dar mais um passo.

3. Como foi segurar a ansiedade durante toda a negociação até o contrato ser assinado?
Bia Figueiredo: Ter o André Ribeiro e o Augusto Cesário cuidando da minha carreira é uma benção. Muitas coisas que aconteciam eles filtravam ou nem me falavam. Nessas negociações, um dia você está quase certo com uma equipe, no outro você não tem nada. É uma loucura. Ficava sabendo de algumas coisas ali e aqui, mas sempre me preparando para correr e os ajudando a fechar com patrocinadores.

4. Desde 2006, você não corre de carro no Brasil. Estava sentindo saudade de acelerar por aqui?
Bia Figueiredo: Correr em casa é sempre muito bom. Consigo ver isso mais claro depois de três anos correndo fora do país. Vai ser maravilhoso ter por perto a família, amigos e pessoas que me ajudaram a carreira toda, além dos fãs brasileiros.

5. Você foi a primeira mulher no mundo a vencer uma prova da Fórmula Renault e a ganhar uma corrida da Indy Lights. Na Fórmula Indy a Danica Patrick já conseguiu este feito, em 2008 no Japão. Ela pode ser considerada sua primeira adversária ou quando abaixa a viseira todo mundo é igual?
Bia Figueiredo: Para mim, todos os pilotos são meus concorrentes. Sei que muita gente sonha com uma disputa pessoal minha com a Danica, mas não ligo para isso. Quero entrar bem na IndyCar, fazer o máximo possível de provas e espero me adaptar rapidamente para conseguir bons resultados.

6. Qual foi o momento de maior dificuldade da sua carreira?
Bia Figueiredo: Houve vários momentos de dificuldade, na maior parte financeiros. Considero o ano passado um dos mais difíceis, já que tive um acidente feio, perdi meu carro, depois fiz corrida após corrida sem poder ter qualquer batida e buscando vitórias, e tive que deixar de fazer duas provas.

7. Como a maioria dos pilotos você começou no kart, chegando a correr com adversários como Nelsinho Piquet, Danilo Dirani, Lucas di Grassi, Xandinho Negrão, Átila Abreu, Daniel Serra, entre tantos outros. Olhando para trás, quando você começou, como você imaginava este momento?
Bia Figueiredo: Lembro que no kart achávamos que chegar ao topo era fácil e que ganhando uma corrida ou um campeonato de kart já seríamos certos na Indy ou na Fórmula 1. Isso eram cabeças de adolescentes que deliravam. Para chegar onde cheguei, não basta só talento. Tem que ter uma mega-determinação, as pessoas certas trabalhando com você, patrocinadores, disciplina e muita humildade.

8. Como é sua rotina de preparação física?
Bia Figueiredo: No Brasil, treino na Companhia Athletica, com o Fernando Conceição, um personal trainer que já esta comigo há cinco anos. Em Indianápolis, onde moro durante a temporada, treino com a St.Vincent, que é uma academia especializada em atletas, onde vários pilotos, como o Tony Kanaan, também treinam. A rotina é de treinos variados, cárdio e musculação, de cinco a seis vezes por semana. Atualmente, tenho feito muitos circuitos de até duas horas de duração. A intensidade aumentou, já que as corridas de Indy duram, em média, 1h40 minutos.

9. A preparação, tanto física, quanto mental, para uma corrida em circuito de rua, como a São Paulo Indy 300, é diferente para o preparo de uma prova em misto ou oval?
Bia Figueiredo: Os circuitos mistos e de rua são mais desgastantes do que os ovais, mas a preparação é igual para todos eles.

10. O André Ribeiro venceu a primeira corrida da extinta Champ Car disputada no Rio de Janeiro, em 1996. Mesmo os circuitos sendo diferentes (na capital fluminense era um traçado oval, enquanto em São Paulo será de rua), ele te passou alguma dica para ganhar a corrida inaugural em casa?
Bia Figueiredo: Não tem como dar muitas dicas, pois são situações e pistas diferentes, mas só de ouvi-lo contar como é vencer no seu próprio país é de arrepiar.

11. Para finalizar, você foi a primeira entre todos os pilotos da IndyCar a acelerar um carro (de dois lugares) na Reta do Sambódromo, que será o palco da largada e da chegada, na última sexta-feira. Já deu para sentir o gostinho de como vai ser no dia da corrida?
Bia Figueiredo: Deu para sentir um pouquinho sim, até porque as arquibancadas estavam lotadas. As milhares de pessoas presentes vibraram muito com a passagem do carro da IndyCar e foi uma grande idéia da organização fazer essa promoção.

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