Regresso relâmpago para Buemi

Sebastien Buemi está “de volta” à Toro Rosso. Um regresso relâmpago. Apenas 24 dias separaram o anúncio de que não seria um dos titulares da equipe para a temporada 2012 de Fórmula-1, em dezembro, e a oficialização como piloto reserva, na semana passada.

O suíço certamente nem teve tempo para acionar o seguro-desemprego. Tampouco precisará ser reapresentado aos colegas de trabalho ou ainda receber informações de onde ficam banheiro e saída de emergência na sede do time, em Faenza.

Claro que recontratar alguém pouco mais de três semanas após dispensá-lo é algo que parece estranho. Mas, no caso da Toro Rosso, trata-se de uma atitude totalmente justificável. A equipe italiana é de propriedade da Red Bull (a empresa).

Aliás, Buemi também exercerá o posto de reserva e piloto de testes em 2012 na Red Bull (a equipe). Logo, a “opção” da STR pelo piloto natural de Aigle, distrito de 435 km2 do sudoeste da Suíça, não se trata de um simples capricho para agradar ao patrão. É parte de uma estratégia traçada pela própria Red Bull.

A presença de Buemi na Toro Rosso é benéfica à Red Bull, pois exercerá uma certa pressão sobre a nova dupla titular do time italiano, formada por Daniel Ricciardo e Jean-Éric Vergne. Pilotos cujos passes pertencem à Red Bull, que bancou boa parte de suas carreiras. Sob os quais, aliás, deposita-se grande esperança de que possam ter condições técnicas para, quando necessário, passar ao posto de titular na equipe A da fábrica austríaca.

Claro. Dietrich Mateschitz, Helmut Marko e Franz Tost certamente não esperam que os novatos da Toro Rosso cravem dobradinhas nas corridas de 2012, com seis voltas de vantagem ao terceiro colocado. Tampouco pensarão em demitir a Ricciardo ou Vergne por não passarem a um Q2. Algo que não significa inexistência na cobrança por resultados. Porém, ao menos inicialmente, creio que a turma da Red Bull estará de olho em outros fatores. Sobretudo evolução nas pistas e comprometimento profissional de ambos. Dedicação no dia-a-dia.

Ao colocar a sombra de Buemi, um piloto com 55 corridas pela equipe italiana, nos calcanhares de Ricciardo e Vergne, a Red Bull basicamente manda um recado aos garotos: “Mantenham-se bastante focados no trabalho, do contrário há quem possa tomar o lugar de vocês”.

Para Buemi, 2012 será tão movimentado quanto os últimos três como titular da Toro Rosso. Afinal, terá de marcar presença em todos os 20 Grandes Prêmios da temporada. Caso qualquer um dos pilotos de STR e Red Bull não possa correr, o suíço assume o carro. Contudo, o ano será movimentado apenas fora das pistas. Pode ser que passe o campeonato inteiro sem disputar uma mísera corrida de Fórmula-1. Em 2011, por exemplo, pilotos de testes foram “acionados” em apenas três ocasiões.

Em Montreal, Pedro de La Rosa substituiu ao mexicano Sérgio Perez, que se recuperava do acidente sofrido no treino à etapa anterior, em Monte Carlo. Em Nurburgring, a Lotus cedeu o lugar de Jarno Trulli a Karun Chandhok. Por questões econômicas. Já pouco antes da etapa de Monza, a Renault, agora Lotus, demitiu Nick Heidfeld. E quem assumiu a titularidade foi Bruno Senna, que disputou as últimas sete etapas da temporada 2011.

Outras chances para Buemi pilotar um Fórmula-1 em 2012, óbvio, acontecerão nas sessões de testes. Contudo, mais que uma atividade não das mais empolgantes aos pilotos, serão apenas 15 dias de ensaios. Além disso, a dupla da Red Bull é experiente. Sebastian Vettel tem 81 GPs de Fórmula-1 no currículo; Mark Webber, 176. Podem se virar sozinhos com o desenvolvimento do novo carro da equipe, o RB8, durante a pré-temporada.

Na Toro Rosso, a história é distinta. Os titulares são novatos. Logo, Buemi seria boa opção para ajudar a STR na preparação do monoposto ao campeonato vindouro. Mas até que ponto a equipe italiana abriria mão de dar quilometragem às suas novas apostas?

Não à toa, Buemi já está de olho em disputar a próxima edição da 24 Horas de Le Mans, em junho. Aliás, quatro das outras sete provas do Mundial de Endurance da FIA não serão realizadas nos mesmos fins de semana da Fórmula-1, inclusive a Seis Horas de Interlagos, em 15 de setembro. Portanto, não estranhemos ver o suíço a bordo de um daqueles carrões da ex-Le Mans Series neste ano.
Por Rafael Ligeiro

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