Romancini diz que na IndyCar o trabalho do piloto é fundamental

O Brasil contará com seis pilotos na temporada 2010 da IndyCar. Dois deles serão estreantes: Bia Figueiredo e Mario Romancini. O paulista, que tem apenas quatro anos de automobilismo, com passagens pela Fórmula Renault e Fórmula 3 Sul-Americana, competirá pela Conquest Racing em seu primeiro ano na categoria.

Na entrevista a seguir, Romancini conta como decidiu ir correr nos Estados Unidos, a expectativa de correr na IndyCar, a ansiedade de participar da São Paulo Indy 300 e de sua rápida trajetória até chegar a uma categoria top.

A São Paulo Indy 300 acontece dia 14 de março.

Confira abaixo a entrevista com Mario Romancini.

1. Sua carreira no automobilismo tem sido meteórica desde que você saiu do kart. Em sua opinião, qual o motivo deste sucesso tão rápido?

Mario Romancini Sempre tive como característica me adaptar rapidamente a todas as categorias pelas quais passei. Acredito que seja uma característica minha estudar todos os aspectos do carro e dos circuitos antes de cada prova, e isso ajuda na adaptação. Na verdade, não tenho como hábito somente sentar no carro e acelerar, mas sim trabalhar muito nos bastidores. Converso muito com meus engenheiros, acompanho a telemetria, e faço a lição de casa. Isso ajuda a me deixar preparado para acelerar quando é preciso. Além disso, procuro manter muito a concentração para não me envolver em acidentes. Acredito que, para terminar bem o campeonato, é preciso constância e por isso procuro, sempre, terminar as corridas na melhor posição possível. Se dá para brigar pela vitória, vou em frente. Se tenho carro somente para estar no pódio, procuro chegar lá. Acho que esse é o segredo.

2. Na Fórmula Renault e na Fórmula 3 Sul-Americana, as categorias pelas quais você passou no Brasil, você tinha rivais muito fortes e com equipamento muitas vezes superior. A IndyCar conhecida por ser uma categoria em que os carros são bem nivelados. Este foi um dos atrativos para sua ida aos EUA?

Mario Romancini Sim, sem dúvida. Em muitas das principais categorias do mundo, e o maior exemplo disso é a Fórmula 1, há poucas equipes em condições de vencer. Já nos EUA, e eu senti isso na Indy Lights, as chances de conquistar bons resultados são maiores, até mesmo pela existência de diferentes tipos de circuito. Alguns times têm carros bons para todas as pistas, e estes brigam pelo campeonato. Outros têm carros bons para ovais curtos, ou para ovais longos, e isso cria mais competitividade. Além disso, como os chassis são iguais, o trabalho do engenheiro e do piloto se sobressaem.

3. Suas duas vitórias na Indy Lights foram em circuitos ovais. Você parece bem adaptado a este tipo de pista, tão característica dos Estados Unidos. Como foi sua adaptação aos circuitos ovais?

Mario Romancini Na verdade, foi muito rápida. Já no primeiro treino que fiz no início de 2009, ainda sem contrato assinado para a Indy Lights, fiquei entre os mais rápidos mesmo dividindo a pista com pilotos mais experientes. E, já na primeira corrida, consegui um pódio. Acho que em relação aos ovais, ou você gosta, ou você não gosta logo de cara. E eu tive a sorte de gostar. Acho que, também por isso, estou bastante feliz e realizado no automobilismo norte-americano.

4. Depois dessa boa adaptação aos ovais, o fato de você estrear na IndyCar em uma corrida de rua, no seu país, pode ser positivo?

Mario Romancini Positivo será, sem dúvida, pelo maior contato com a torcida brasileira. Além disso, esta é uma pista nova para todo mundo. Então começaremos, em tese, todos na mesma condição. Como terei feito somente dois treinos até a estréia, ainda estarei me adaptando ao carro, mas ao menos não terei que tirar o atraso de experiência em relação à pista.

5. A potência do carro da IndyCar é bem maior do que todos os carros que você pilotou até hoje. Isso vai exigir mais da sua preparação física?

Mario Romancini Sem dúvida, mas não somente pela potência. Se você for analisar os tempos de volta nos circuitos mistos, por exemplo, o Indy Lights não é muito mais lento que o IndyCar. A diferença principal é a duração das corridas. Na Indy temos provas de até 500 Milhas, enquanto na Indy Lights fazíamos 100 milhas. Já desde o ano passado meu treino físico vem sendo adaptado, pensando nessa exigência maior da IndyCar.

6. A Conquest tem um longo histórico de trabalhar com pilotos brasileiros. Mais recentemente, o Jaime Câmara e o Enrique Bernoldi correram pela equipe. Este fato ajudou na hora de fechar o contrato com eles?

Mario Romancini Acredito que o fato de ser brasileiro não tenha ajudado, não. A equipe tem um histórico, sim, de apostar em jovens talentos, e o fato de eu ser um piloto praticamente recém-chegado aos Estados Unidos, e já com um bom histórico de vitórias, ajudou mais. A Indy Lights é uma categoria muito competitiva, e que prepara muito bem os pilotos para a categoria principal. Acho que ter feito uma boa temporada no ano passado foi o que me abriu as portas para a Conquest neste ano.

7. Você espera enfrentar muitas dificuldades nesta sua primeira temporada na IndyCar? O que você acha que pode ser seu principal obstáculo em 2010?

Mario Romancini Terei uma série deles, mas todos são normais em uma fase de aprendizado. O primeiro deles é a adaptação à nova equipe. Além disso, terei de conhecer as particularidades do novo carro, e também aprender algumas pistas que não fizeram parte do calendário da Indy Lights no ano passado. O outro fator são as corridas mais longas, que exigem mais estratégia e um pensamento mais amplo de cada corrida.

8. Você acredita que as suas duas vitórias na Indy Lights, em 2009, ajudaram a garantir esta vaga na Conquest?

Mario Romancini Sem dúvida nenhuma. Arrisco a dizer que elas foram decisivas para isso. Vencer na Indy Lights, que é quase tão competitiva quanto à categoria principal, é um indicativo de que o piloto está pronto para dar um passo adiante. As equipes sabem disso, e a Conquest, que nasceu como uma equipe de Indy Lights, sabe melhor ainda. Tenho que agradecer muito ao Eric Bachelart pela confiança em meu trabalho e, principalmente, pela tranquilidade com a qual ele trata minha estreia. Como ex-piloto, ele conhece a natural fase de adaptação pela qual todos os pilotos novatos passam, e terei todo o apoio da equipe até estar totalmente em condições de brigar por bons resultados.

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