Aliado de Button

Poucas transferências na história da Fórmula-1 tiveram ostentação semelhante à de Fernando Alonso para a McLaren, em 2007. Também pudera. Em notável ascensão na categoria, o espanhol vencera os dois campeonatos anteriores, pela Renault.

No entanto, o ano que parecia reservar grandes chances da conquista do tricampeonato virou pesadelo. Culpa de um inglesinho, de 22 anos, estreante no certame. Lewis Hamilton conquistou resultados impressionantes e tanto espaço na McLaren quanto o badalado asturiano. Resultado: Alonso sentiu-se desprestigiado, perdeu o mind game travado com o britânico e, sem clima no time de Woking, voltou à Renault.

Assim como Fernando Alonso, Jenson Button leva o número um aos carros da McLaren após vencer uma temporada por outra equipe, a Brawn – agora Mercedes GP. Assim como Alonso, terá Hamilton ao seu lado na escuderia.

Contudo, engana-se quem pensa que a situação do campeão de 2009 é igual à vivida três anos atrás pelo espanhol. Aliás, em princípio, parece até pior. Afinal, não é absurdo algum alegar que, após três campeonatos bastante prolíferos, Hamilton tem bandeira bem mais cravada no time que à época como team-mate de Alonso. Mas aí mesmo é que pode estar um aliado a Button na disputa entre os pilotos da McLaren no próximo ano.

Explica-se. É evidente que a cúpula da McLaren espera grandes resultados do piloto natural de Frome já a partir da etapa de abertura do próximo campeonato, em Sakhir. E, óbvio, que possa vê-lo na luta pelo título de 2010. Mas será compreensível caso suas marcas fiquem abaixo – desde que não muito, lógico – às obtidas por Lewis Hamilton, inquestionavelmente mais acostumado à estrutura do time inglês.

Agora, se Button superar o companheiro de equipe e encaixar uma sequência de bons resultados ao início da temporada, como fez nesse ano, a pressão poderá cair forte sobre Hamilton. E o campeão de 2008, apesar de piloto muito acima da média na Fórmula-1, já acumula um generoso histórico de asneiras nas pistas quando pressionado.

Claro que acompanhar o ritmo de Lewis Hamilton em pista não é missão das mais fáceis a qualquer piloto. Será um dos maiores desafios desde que Jenson Button estreou na Fórmula-1, em 2000. Porém dois fatores servem como alento ao atual campeão nessa busca. Primeiro: a série de alterações no regulamento técnico da categoria resultará em mudanças radicais na concepção aerodinâmica dos carros para a próxima temporada. Portanto, diminui sutilmente a chance de Hamilton tirar proveito de alguma característica que já conhecia do carro que pilotou em 2009. Segundo: a McLaren é uma equipe que costuma deixar a disputa entre seus pilotos rolar solta na pista.

Tudo bem. Há quem possa lembrar que os radinhos nos boxes da equipe já serviram para ordenar seus pilotos a trocarem posições em pista. Foi assim, por exemplo, no GP da Europa de 1997, quando Mika Häkkinen faturou a primeira vitória na F-1 após o companheiro de equipe, o escocês David Coulthard, ceder o primeiro posto, poucas voltas antes da bandeirada.

Mas é inquestionável que, quando os resultados de seus comandados são semelhantes ao longo de boa parte de uma temporada, essa história de número um vai para o espaço. Basta lembrar do próprio embate entre Fernando Alonso e Lewis Hamilton, em 2007. E olha que Alonso era o atual bicampeão, contratado para reconduzir a McLaren ao caminho dos títulos, ganhava um salário anual mais de 15 vezes maior que o do inglês…

Sinceramente, não tenho dúvidas que Lewis Hamilton leva uma sensível vantagem sobre Jenson Button no embate da McLaren para 2010. Mas sabe como é, né? Nem sempre vantagem significa melhores resultados.

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