Grana é bom e Ross Brawn gosta

Salvo reviravolta histórica, Jenson Button e Rubens Barrichello disputam, no próximo dia 1º, em Abu Dhabi, o último GP como companheiros de equipe na campeã Brawn. Trata-se de uma das duplas mais competentes da história recente da Fórmula-1. E com carro competitivo em mãos nesse ano, ambos puderam mostrar serviço.

O inglês levou o título após participação quase irretocável nos quatro primeiros meses do certame, quando venceu seis de sete corridas realizadas. Já Rubinho, independente do que ocorrer na disputa pelo vice-campeonato com Sebastian Vettel, da Red Bull, também fez bonito. Venceu os GPs de Valência e Monza, deu shows de pilotagens e ajudou a equipe na conquista do título de Construtores.

Diante de tais retrospectos, surge uma questão: Por que separa-los no próximo ano?

Seria estupidez negar as qualidades de Nico Rosberg, virtual companheiro de Jenson Button na Brawn em 2010. Trata-se de um dos pilotos mais promissores do atual grid da Fórmula-1. A idade também ajuda. Aos 24 anos, tem muito mais combustível para queimar que Barrichello, 13 anos mais velho. De quebra, o alemão “leva” ao time de Ross Brawn forte apoio tecnológico e financeiro da Mercedes-Benz – que forneceu motores à equipe nesse ano.

Tal manobra renderá grana bem maior, por exemplo, que a dos patrocinadores brasileiros atraídos por Barrichello à Brawn, na prova de Interlagos. Conforme artigo do jornalista Roger Benoit, publicado no jornal alemão Blick, a empresa germânica, em conjunto com parceiros árabes (Mansour Ojjeh na jogada?!), estaria disposta até a adquirir 75% da equipe sediada em Brackley.

Apesar de vencer oito corridas, além dos Mundiais de Pilotos de Construtores, a Brawn disputou o campeonato 2009 com orçamento bastante enxuto – estimado em US$ 130 milhões, distante, por exemplo, dos US$ 300 milhões da Ferrari. Tanto que, em abril, a equipe inglesa demitiu 270 funcionários, 40% do antigo staff da Honda.

Aliás, não tenho dúvidas de que, se a conta bancária do time de Ross Brawn tivesse mais uns bons tostões, os resultados nessa temporada seriam ainda melhores. Sobretudo nos últimos nove GPs, quando a Brawn não acompanhou a evolução obtida nos carros das rivais, digamos, mais abastadas, como Red Bull, McLaren e Ferrari. E venceu apenas duas provas no período.

Então, por que Rosberg desconversou tanto sobre sua ida à Brawn durante o GP Brasil? Simples. De fato, ainda não há contrato algum entre ambas as partes. Mas sua entrada na equipe inglesa será condicionada pela Mercedes-Benz, que, por sua vez, concederá ao time os benefícios já descritos nesse texto. Por outro lado, a marca alemã também é proprietária de 40% da McLaren, o que poderia fazer de Rosberg um Plano B do ex-time de Alain Prost e Ayrton Senna diante de um eventual fracasso nas negociações com Kimi Raikkonen.

Contudo, pouco antes do fechamento dessa coluna, surgiu a notícia de que o Plano B a Kimi não seria mais Rosberg. E sim Nick Heidfeld. Aos 32 anos, Heidfeld já foi piloto de testes da McLaren e contou com apoio da Mercedes-Benz no início de carreira nos monopostos. Portanto, não será estranho caso a oficialização de Rosberg na Brawn dê uma acelerada – até possivelmente, na semana posterior ao GP de Abu Dhabi.

E Button?

Agora campeão mundial, o inglês se valoriza. O assédio pelo seu passe – que me perdoem o termo futebolístico – aumentará. Comenta-se pelo paddock que Toyota e Renault procuram pilotos experientes e de primeira linha paro o campeonato do próximo ano.

Nesse sentido, não será surpresa alguma se na caixa de entrada do e-mail do inglês aparecer mensagens de diretores dessas equipes, com questões do tipo: “Você estaria disposto a visitar nossa fábrica?”… Isso abre caminho para que a pretensão salarial de Button aumente. No entanto, vale lembrar que o inglês já manifestou interesse em permanecer na Brawn. E, na condição de campeão, deve atrair mais patrocinadores à equipe, algo que tornaria as negociações com Ross bem menos complicadas.

É evidente que o dinheiro da Mercedes-Benz não seria a garantia de a Brawn ter novamente um ótimo rendimento – dessa vez, em 2010. Tal condição depende, em grande parte, do que a equipe técnica irá aprontar no desenvolvimento do BGP002. Mas, como dizia o poeta: “Dinheiro no bolso, canja de galinha e cautela não fazem mal a ninguém”.

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